Cravo e Canela

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Mistura de sentimentos



Ando meio que misturando os sentimentos. Saudade, ansiedade, vontades. É tão difícil externar meus sentimentos não consigo juntar e formar uma frase se quer. Hora escorre uma lágrima dos momentos bons que vivenciei, hora vem um dorzinha chata que afeta meu humor. Mas cá estou firme, e o complemento de forte? Bom, aí são outros quinhentos. Sei das minhas urgências que jamais serão preenchidas. 

Um amigo me falou que iria assinar seu divórcio e fiquei pensando. Eu cogitei algumas vezes esse ato. Ciúme, deslize masculino que me irrita, mas casamento num era pra ser eterno até que a maldita morte viesse? Sim. 
Não se comemora um momento desse mesmo que seja um alivio para uma das partes, pois é difícil ser bom para ambas. Sempre vai haver lembranças dos bons momentos. Rubem Alves fala que o casamento não é uma partida de tênis e sim de frescobol.  "O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada - palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.
O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra - pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir... E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos..."

Se você ama seu parceiro diga, demonstre, aproveite. A vida é curta demais. Eu aproveitei o meu amore. Curtir seu jeito, inteligência, seu sorriso, sua voz tranquila e seu conversar paciente. Todo diferente do meu. Eu acelero e desacelero na mesma proporção, falo sozinha, reclamo no transito, sou chata mesmo!!! Acho que por isso ele me aturava. Vai ver que nesses dias, ele  JOGAVA por nós dois. Uma vez cogitei a bipolaridade, foi engraçado. Ele sorriu meioquedelado e falou: Mulher, teu mal é querer acertar sempre, ninguém acertar todo o tempo. Aprenda a conhecer seus limites para se frustar menos. Porra! Como ele sabia disso em? 

Ah, antes que eu esqueça: contrariamente ao que pensam os amantes inexperientes, fazer carinho com as palavras não é ficar repetindo o tempo todo: "Eu te amo, eu te amo..." Barthes advertia: "Passada a primeira confissão, eu te amo não quer dizer mais nada." É na conversa que o nosso verdadeiro corpo se mostra, não em sua nudez anatômica, mas em sua nudez poética. 




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