Cravo e Canela

sexta-feira, 2 de maio de 2008

...Ele estava chegando. Ela meteu a mão na bolsa, remexeu, remexeu, e só então percebeu que tinha esquecido os sorrisos em casa. Ele abriu a porta. Ela chamou o garçom e perguntou se havia sorrisos no cardápio. Estavam em falta. Ele chegou e sorriu. Ela não. Ele sorriu outra vez. Ela disfarçou. Ele percebeu. Ela se desculpou. Ele entendeu. Ela chorou. Ele tomou a mão dela em suas mãos. Ela corou. Ele beijou cada um dos dedos dela. Ela umedeceu. Ele chamou o garçom e pediu a conta. Ela foi ao banheiro retocar a maquiagem. Ele pagou. Ela pediu à moça loira que sorria um sorriso emprestado. Ele esperou. Ela agradeceu à moça loira que sorria pelo empréstimo do sorriso. Ele se surpreendeu. Ela sorriu. Ele chorou. Ela nunca mais precisou pedir nem comprar sorrisos. Ele os dava a ela, embalados em grandes caixas douradas com laços de fita.

ANDRÉ GONÇALVES

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